Efuturo: As Poeiras do Velho Tempo/ Coleção Contos

As Poeiras do Velho Tempo/ Coleção Contos

Em algum momento na história de nossa existência ouvimos falar em diversas versões como tudo foi criado. Num fundamentalismo, outras por pesquisas científicas aplicadas ao longo do tempo. Mas, o arco na qual se enverga a verdade absoluta é tão vasta que a vida fora do nosso planeta pode parecer real. Ou ilusória.
As poeiras do tempo não conta um conto significativo de pesquisa científica, conta apenas a fábula de um menino. João Capello. Um jovem alucinado pelas constelações e pela famosa gênese. Pesquisador amador, observador fiel e estudioso do céu.
Ele um dia citou que vale mais a pena olhar para cima do que olhar para baixo. Pois, na era paleolítica os homens já olhavam com frequência para baixo. E toda essa ação frenética dos homens fora por buscar sua origem. Em alimentos, vestimenta, à caça e outras formas de vida e sobrevivência.
Com o passar do tempo às evoluções aconteceram e com elas desencadearam as tecnologias e moldaram e aperfeiçoaram as antigas invenções. Como a lâmpada. O iluminar da vida, o salto para uma nova era.
Capello o jovem observador pressentiu que o mundo voltaria a olhar para baixo, então se forçou a continuar olhando as estrelas do velho tempo.
Elas se mostraram dispostas em seu telescópio não muito abrangente de 150 mm, mas notara que uma grande esfera circunferente rodava numa distância inimaginável. Naquela altura escura e sombria via algo que jamais poderia compreender. Seu nome levara o nome de uma das estrelas mais brilhantes e maravilhosas do céu. E nunca passou por sua cabeça que ele pudesse ser parte daquela constelação. Ele era o jovem João Capello filho de um alfaiate e uma artesã. Ele era apenas um jovem menino que cantava suas próprias canções e contava suas próprias histórias. Era um sonhador.
Da janela do seu quarto via o piscar delas chamando-o para elas. E no meio da noite ele levou seu telescópio acima de um andar que projetara há alguns anos.
Ficou observando-as. Da noite anterior a ursa menor estava a um grau para baixo, ela tinha se movido um pouco. O céu do hemisfério norte era fantástico. Mudara com seus pais para uma cidade da Califórnia e nunca se sentira tão feliz. Embora, amasse sua pátria. O velho tempo no Brasil.
Um capricho de todos dizia para si mesmo, porque ele queria ver o relógio cósmico pela estrela polar como centro de partida. Seu pai costurava ternos para grifes dos famosos e sua mãe fazia suas invenções terem sentido, vida e valor. Para ela o artesanato era tão antigo quanto à raça humana.
Sentia-se mais confortável com seus pensamentos depois que eles certamente o devolviam tranquilidade. Mas, todos sabiam que o capricho era de Capello.
Da vista noturna via um pisca-pisca que chamava sua atenção. Manejou o telescópio para buscar e tudo pareceu como um clarão que o cegou imediatamente.
Tirou rapidamente os olhos da lente, piscou várias vezes e nada acontecia, exceto um puxão que parecia um chute para o vasto universo.
O mundo de Capello deixou de imediato ser do duvidoso e passou a ser o incompreendido. Cego e rodando como um peão. Seu estomago parecia enjoar. Foi quando parou e sentiu o sangue jorrar para baixo. Com os olhos apertados, estomago enjoado e leve como uma borboleta. Abriu os olhos.
Viu tamanha dimensão de constelações, de cabeça para baixo. Forçou-se tentando se movimentar e se alinhar. Mas, seu peso e forma parecia ter mudado. Então, forçou mais uma vez, e conseguiu. Suas mãos foram se iluminando e irradiando como uma tocha de fogo. Sua cabeça continuava a rodar, mas ele forçava sua mente porque queria desfrutar da tamanha beleza que continha naquele lugar.
Capello se sentia deslocado, não entendia o que estava fazendo ali e por que não desintegrava. Forçou sua mente para saber em qual constelação estava e viu que fazia parte de sua origem. As mais brilhantes do céu noturno. Por isso, suas mãos brilhavam e pareciam ter perdido a forma. Sua cegueira novamente se concentrou e daí nada mais viu.
Permanecia no mesmo lugar. Do seu pequeno observatório sonhando como se vivesse numa galáxia. Que fazia parte das constelações e que um dia trabalharia na NASA. Eis, um sonho distante, mas nunca impossível.
Acordou de seus pós-sonhos acordados e se pôs a voltar para seu quarto. De lá, poderia sonhar melhor. E contar outra história absurda só para seus ouvidos.
Ia marcar três horas da madrugada. E seu sonho ia começar. Tinha menos de três horas do velho tempo para voltar e continuar de onde parou.
As brechas que deixaram transparecer em suas mãos foram mais tarde a iluminação que recebera por contemplá-las. João Capello serviu as forças especiais e depois que fora liberado se formou em astronomia. Estudou Filosofia e artes.
E o velho tempo de Capello foram sonhos noturnos que serviu de alicerce para alimentar a fonte na qual bebia.
As poeiras desse tempo foram às memórias de sua infância e extrema vontade de entender o universo. Não só dando o parecer das coisas em teorias, mas também prova-las. Essa foi uma lição extraordinária de vida. E continuará sendo.
Dentre tantas oscilações do planeta em estudos significativos em exploração. A mente humana é a mais complexa. Ela atravessa o buraco negro e se transforma em novos estilhaços. Criando novas dimensões do espaço-tempo.
E o mais importante, ao atravessar o buraco negro leva os pensamentos atuais de volta ao passado e trás de lá os antigos. Ressuscitando os maiores pensadores daquela época e reconhecendo suas teorias.
No sagrado espaço intocável do céu onde guarda os maiores segredos do universo, está contida toda a verdade. E se todas as formas de entendê-lo foram incapazes de compreender é porque tudo já fora revelado. E se já foram raiados e incompreendido é o momento de rezar e pedir que exista outra fonte inteligente fora da terra.
Assim pensava Capello. Entretanto, as buscas de Capello nunca fora filosofar sobre as teorias das Cosmologias. Mas, intensificar suas buscas em nunca desistir.
Porque no universo as poeiras do velho tempo mostra a realeza do tudo em transformação. Na rotação infinita entre memórias e incertezas.
Dos tempos imemoriais as espécies sempre se multiplicaram e evoluíram.
Fora ou dentro. Acima ou abaixo da terra.